sábado, 19 de maio de 2012

Rolheiro

De uma procura rápida na internet vê-se que Rolheiro está relacionado sobretudo com rolhas. O significado que já lhe vi associado nada tem a ver, aparentemente, com rolhas.

Se bem me lembro, o que os meus avós diziam era: "Atira isso pr'a cima do rolheiro!"

E o "isso" era regra geral restos de legumes, talvez comida, etc. Era uma espécie de compostagem! Era o Rolheiro!


segunda-feira, 15 de março de 2010

Cabaneirar, cabaneira e cabaneiro

O Estou Barado pode estar dormente mas não está morto! Portanto, hoje é dia de festa e está aí mais um tema em discussão.

Vamos cuscar um bocadinho? Ora vamos cuscar um bocadinho!
Já ouviram falar que o Sarkozi, presidente francês, anda metido aí com um rabo de saias? Patife!:) Como é que ele tem tempo para governar um país, ou lá o que é que ele faz, e ainda lhe sobra tempo não só para a Carla Bruni mas também para a sua nova aquisição!?

Há gente dos diabos!

De certeza que ele não trabalha até às seis se não, não tinha tempo para a galderice!

Ok. Ok. Eu paro de cabaneirar! A vida alheia a mim não me interessa nada...
...E o Santana Lopes? "Que diz que" gosta é d'andar na noite?!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Chieira

Caríssimos e Caríssimas,

Se repararem na data aí em baixo vêem que este post está tudo menos a contribuir para a actualização constante deste blog. Como diria muita gente que eu conheço: "É a Bida!"

Passando à frente a introdução, vamos lá à lição de hoje.
Portanto o que nos trás cá hoje é a expressão "Chieira".

A chieira é uma coisa muito feia. Quando dizemos que alguém tem muita chieira dizemos que é muito vaidosa mas num sentido mais labrego... não sei explicar.

Até à próxima,
Eu

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ai que me pelei!!!

Pois é... mais uma palavrinha daquelas que só aqui pela terrinha e arredores é que se usa!
Quando eu me pelo (lê-se "pélo") ou quando alguém se "péla"...quer dizer que nos queimamos!!

Existe a história do reles Chafeense que durante um jantar estudantil na bela cidade de Coimbra, cheio de gente chique que desconhece a nossa linguagem, não esperou que a comidinha esfriasse e lá lançou um "Ai, pelei-me!" ao meter uma garfada à boca. Ao que o colega do lado exclamou: "Tu o quê!?!"

Queimei-me pahhh... queimei-me!

Para terminar fica um conselho de inverno: cuidado com as lareiras e aquecedores...
Não se pelem!!! :D

sábado, 29 de novembro de 2008

Vários e Diversos

Vamos correr alguns termos a eito:

Ir ao confesso: ir confessar-se

Trilhar: "Cuidado! Não te trilhes!" = "Cuidado! Não te aleijes!"

Quilhar: "Vou-te quilhar!"="Vou-te tramar!"

Tona: Para além do "ir à tona" que quer dizer algo como "ir à superfície da água" temos o "batatas com a tona" que significa "batatas com a casca"

Barregar: Gritar, chorar alto. Normalmente são as crianças que barregam.

Bufardo: "Levas um bufardo!". Bufardo é ali um meio-termo entre soco e chapada. Olha, é parecido com "Levas uma lambada!". E o "levas uma lostra!"? ou uma lamparina? Anda tudo à volta do mesmo.

Vestuário

Hoje trago-vos uma aulinha acerca de "moda". No mundo dos agasalhos há muitos termos que merecem ser dissertados aqui no estou barado.

Antes de começarmos vou vestir esta caçadeira, pah, porque está aqui muito frio. Calma! Ninguém se vai ferir! É apenas a minha casaca de ganga!

Vamos então começar pelas vestimentas das senhoras. A "combinação" é um clássico. Não é um termo propriamente regional mas está certamente em desuso. Pelo menos já não ouço ninguém falar disto há algum tempo. Mas alguém me quer ajudar a dizer o que é? Normalmente uma combinação é usada à noite e é de cetim...

Nos senhores temos as lindas "seroulas" que estão agora fora de moda por causa dos boxers.

Tenho que dizer que também gosto do nome de alguns tecidos: Bombazine e Tirilene.

Saudações

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cheira-t'à Frescum?

Já alguma vez tiveram o prazer de comer um bolo com tanto ovo que o cheiro a "frescum" vos fez dizer: - não, não obrigado, tem tão bom aspecto mas não posso comer!
Pois é, a minha avó é q me ensinou esse cheiro que fica emprenhado nos pratos, copos e talheres e que advêm sobretudo de ingredientes como o ovo, a galinha, ou qualquer outro alimento de carne de aves.
Também daria aqui lugar a um outro cheiro característicos dos caprinos: o "bedum". Também este me foi ensinado pela mesma pessoa. E meus caros ambos só desaparecem com o uso de um detergente bem conhecido de todos: lixívia.
Agora.. estranho é quando vou a casa de alguém e me dou conta que tudo tresanda a esse cheiro...
Ah pois... Lembro-me de uma senhora que tinha cães no seu apartamento... coitados dos bichos não tem culpa mas o cheiro era insuportável.. e digo-vos os cães até cheiravam bem... Por isso pergunto-me de onde viria o cheiro.

Bem mas o facto é que desconheço a origem da palavra e fica aqui o mote para quem me souber esclarecer. Caso tenhas a noção do significado inerente ao dito cheiro e conheça algum familiar que lhe chame assim, não digas a ninguém. Mais vale ficar na ignorância do que com nariz de cão!

domingo, 27 de julho de 2008

Treitas

Treitas?!?!?!?!?!
Mas o que é isto???
Pois é meus amigos, a treita é a fronteira.
E como devem calcular há vários tipos de treitas:
- as das parvónias;
- as das leiras;
- as dos territórios;
- ....

Mas o curioso é que no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora vem:
Treita: trilho; pegada; vestígio; rasto; [reg.] tira de terreno lavrado que se separa com ramos para guiar o semeador no lançamento das sementes (Do lat. tracta-, «arrastada», part. pass. fem. de trahere, «puxar»; «arrastar»).

Ora esta definição não vem de encontro à que eu tentei explicar-vos e que se usa na minha zona, sobretudo, quando as pessoas se referem às teritas das leiras e das freguesias.

Ah, já agora leiras são leiras (espero que conheçam)...

domingo, 6 de julho de 2008

Pôr Páscoa

Como diz o ditado: Páscoa é quando o Homem quiser! Páscoa, não é?

Alguns católicos têm por tradição abrir a porta ao compasso. Outras já não. Têm sim a tradição de "pôr Páscoa". O que parece é a mesma coisa mas dita de forma diferente.

Pôr Páscoa é portanto quando as familias preparam a sua casa para receber o compasso bem como os amigos e conhecidos em casa.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Catrapilas



O catrapilas, ai o catrapilas!! Quem nunca ouviu falar do catrapilas?

Porque é que se diz catrapilas? Isto da sabedoria popular tem muito para nos ensinar! O que é que é mais fácil dizer: catrapilas (que basicamente se refere a máquinas esquisitas e cor de laranja) ou rectroescavadeira ou até mesmo escavadeira hidráulica?

Pois é...

Tenho pra mim que a Caterpillar também devia registar a marca Catrapilas. É só uma sugestão.

sábado, 8 de março de 2008

Estrugido

Tenho que partilhar convosco um dos dilemas mais significativos da minha vida enquanto jovem petiz. Desde sempre ouvi a minha mãe, minhas avós e tias apregoarem de peito aberto frases como: "não deixes queimar o estrugido!" ou mesmo "está na hora do comer, vou fazer o estrugido". Essa palavra, "estrugido", de difícil pronuncia para um jovem imigrante de terras Chavescas, sempre ocupou o meu pensamento pois continha o segredo do sucesso duma refeição, em especial do suculento arroz branco da minha avó. Digamos que estava no pedestal das palavras místicas/divinas.
Eis que chega o dia em que perco o chão. Lembro-me perfeitamente dessa visita de estudo a terras da mouraria. Tinha eu 14 anos, bigode farfalhudo e 3 pelos negros no queixo quando ouço uma palavra nova: "refogado". Que raio quereria dizer aquilo?! Em conversa com a professora de português chego a uma triste conclusão: refogado e estrugido são sinónimos... Como poderia ser possível?! O segredo mais bem guardado da cozinha portuguesa tinha um sinónimo, e ainda por cima com som da linha de Cascais?!
Deixo aqui a minha revolta perante a centralização, mesmo da língua portuguesa. "Refogado" é uma palavra chique, talvez de influência da nouvelle cuisine francesa. "Estrugido" não, é uma palavra forte, com espírito e densidade, tão característico da NOSSA cozinha! Não concedo comer um cozido cujo arroz tenha sido feito tendo por base um "refogado"...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Trigos (Petim parte II)

Vamos a mais uma palavrinha? Vamos a mais uma!

Ora, o que temos hoje para tema de conversa? O sector da panificação. De tão vasto que é, este sector levar-nos-ia a criar um blog exclusivo.
O endereço podia ser: http://www.termoscasticosnomundodapanificacao.blogspot.com/ - Fica a ideia.

Vamos portanto resumir a discussão a uma meia dúzia (afinal se calhar não há muitos mais...) de termos castiços.

O petim e o espírito natalicio já mereceram a nossa atenção neste blog.
Agora começava por aquele termo que revela uma maior simplicidade e genuinidade dos termos do mundo da panificação: o trigo.
Não vos falo do cereal mas sim do dito pão.

"Ohh João vai-me ali à venda e traz meia dúzia de trigos e diz pr'assentar!"
É favor trocar os "vv" pelos "bb".
Não digam que não é bonito!

Já termos como: papo-seco, molete e carcaça são termos que infelizmente não fazem parte do meu vocabulário quotidiano! Porque será? Será por ser do norte, nortinho hum... boatos.

Papo-seco e carcaça são termos mais usados para o Sul de Portugal. Molete acho que se usa assim mais lá para não sei onde:) Tenho ideia que perto do Porto também se houve isso. Quem confirma?

Bijou/Biju:
Meus amigos, quem é que inventou este termo? É que nem vou comentar...

Homenagem:
Não posso terminar este post sem antes fazer uma homenagem sincera à regueifa. A regueifa é daquele tipo de pão que não sei pah, é especial!
A regueifa é quentinha e com manteiga. Nham Nham.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Vai tudo a eito

Vai mesmo tudo a eito....
Não sei explicar muito bem o que quer dizer a expressão "a eito", mas penso que dá para perceber pelo sentido, ou seja, significa que vai tudo a «d'reito».
Isto quer dizer que pode significar que vai tudo pela frente e/ou que vai tudo, tudo, sem sobrar nada...
Por outro lado, fazer uma coisa a eito significa que fazer uma coisa desde o início até ao fim, sem interrupções, a eito.
Espero que percebam a minha explicação, porque a eito é como uma frase feita....
Até à próxima.....

sábado, 26 de janeiro de 2008

Encurricar...

Pois é, para além de encunicar também se usa, por aqui, encurricar.
Encurricar tem um significado algo semelhante ao encunicar. Se calhar uma palavra derivou da outra através da evolução da língua. para além dos significados de encunicar, esta palavra também designa o facto de a cara enrugar.
Por exemplo, quando alguém tem rugas na cara, diz-se que tem a cara encurricada, ou seja, com encurricas.
Em suma, encunicar e encurricar têm significados semelhantes, contudo ambas as palavras não existem no dicionário da língua portuguesa, mas são usadas pelos portugueses, sobretudo pelos nortenhos.
Até à próxima...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Cagaço

Cagaço. Eis uma palavra que sempre me deu que pensar.

Segundo o dicionário da Wikipédia (o Wikcionário), cagaço remete-nos à palavra susto, que por sua vez quer dizer "sobressalto causado por evento não esperado; surpresa vigorosa e momentânea". Não satisfeito, investi para o dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Cagaço, de origem popular, vem da conjugação da palavra "cagar" com o sufixo "-aço" e quer dizer medo, susto, pavor.

Eis então obrigatório perceber a origem e o significado da palavra "cagar". De origem latina (cacáre) é reconhecida como calão e tem como significado defecar. Ainda, em sentido figurado, remete-nos para "sujar" e "desprezar".

Chega então o momento das deduções extensivas. O povo português, sempre criativo, não lhe chega usar palavras cujo conteúdo seja exclusivamente expresso pela palavra em si. Para tornar as coisas mais reais e intensas, gosta de inventar palavras ou recontextualizá-las! O medo, o susto, o pavor, pode deixar-nos de tal maneira perturbados que não conseguimos controlar o nosso próprio corpo. Daí expressões como "estou borrado de medo". Desta forma, "ter cagaço" de alguma coisa, é ter consciência que posso ficar "borrado", não controlar os instintos mais naturais do corpo e descompor-me. Ou seja, ficar "sujo".

Tudo isto leva-me a uma conclusão: o inventor das fraldas descartáveis devia ser português. Quem não ficaria com "cagaço" em ter um bebé no colo usando fraldas de pano?!

Próxima investida: o "estrugido"

sábado, 29 de dezembro de 2007

Igualha

Mas o que será igualha?
Ao analisar a palavra podemos verificar que há uma palavra mãe: igualha. Ora, ser ou não da mesma igualha significa ser ou não da mesma geração.
Por exemplo, aquando de uma discussão entre mãe e filha, a mãe vira-se:
-Não me fales assim, tu não és da minha igualha!!!!
Ou:
-Respeitinho, eu não sou da tua igualha.
Portanto, quer dizer que não é da mesma geração.
Contudo, também pode ser usada no sentido de se ser ou não de um mesmo grupo de amigos. Por exemplo, uma mãe pode virar-se para uma filha e dizer: "-Olha que eles não são da tua igualha!!!" querendo com isto dizer que não pertence a um determinado grupo ou seita. Nestes casos também pode ter o sentido de ser ou não da mesma laia(?!).

Petim

Como o prometido é de vidro aqui vai um cheirinho a rabanadas!
Vejam que este post está a ser escrito em Dezembro, altura em que o espírito Natalício anda no ar. E porque é que anda no ar? Há alguns indicadores que nos dizem se estamos ou não no Natal. Se os seguintes pontos se verificarem, claramente estamos no Natal!
- O primeiro indicador é a quantidade de luzinhas de Natal que conseguimos visualizar ao andar cerca de apenas 2 kms de carro dentro de uma localidade. Reparem que se virem um Pai Natal a ser puxado pelas renas em cima do telhado de uma casa (tudo em luzes néon) é porque já devemos estar mesmo perto do dia 25 de Dezembro;
-Mas claro, só as luzes néon não chegam mesmo que sejam o Pai Natal e as renas em cima do telhado! O outro factor é o musical. Se ao ouvirmos cerca de uma hora de rádio e/ou televisão num dia conseguirmos escutar pelo menos duas vezes a música "All I Want For Christmas Is You" da Mariah Carey quer dizer certamente que o Natal já chegou. Deliciem-se: http://www.youtube.com/watch?v=-8rY0Fyws20
- O outro indicador (este tenho de concordar que é o mais moderno) é o bichinho do consumismo que nos vais nas guelras! Um shopping apinhado de gente a um sábado de manhã (logo às 10h) é sinal e extremo espírito natalício. Andar feito barata tonta a entrar em todas as lojas a inventar ideias nem se fala. Ui Ui.
E a compra das prendas dos 5 euros com o uso do refinado critério "qualquer coisa serve desde que sejam chocolates, canecas ou passepartout's" para a carrada de jantares que se vão suceder? Isso nem se fala!
- O último mas não menos importante é o cheiro a rabanadas. Admito que este é o mais complicado até porque na rua ou no carro é dificil de o sentir. Deixo desde já a minha sugestão à AirWick (a marca dos produtos de cheirinho) para fazerem algo inovador. Podem ser aquelas árvores verdes que se colocam no espelho retrovisor mas com cheirinho a rabanadas. É uma ideia!

Mas isto tudo para chegar onde? Ao pão que se usa para fazer as rabanadas.
Que eu saiba o petim é o pão que se usa especificamente para fazer rabanadas mas corrijam-me se estiver enganado.

Fiz uma pequena pesquisa na web para rabanadas e pelo que encontrei as rabanadas podem ser feitas com:
- Petim
- Cacete
- Pão de forma
- Pão de véspera
- Carcaças
- Papo-secos
- Pacote(s) de pão de forma sem casca(s)

Meus amigos isto até estava no bom caminho e vem-me este “pão de forma sem casca” para fazer rabanadas???? Mas estamos em que país? Isto é pior que deixar de comer bacalhau para passar a comer peru na noite de consoada. Mas que grande mariquice! Pão de forma sem casca?

Acho que já não vou dormir...

Augar, Ougar e Aguar

Lembro-me de sempre usar a expressão aguado para querer dizer algo como estar com água na boca. "Estou a aguar por um belo arroz de pato" - É esta a expressão que eu usaria.

Acontece que há muita boa gente por aí que preferiria uma das seguintes expressões:
- "Estou a augar por um belo arroz de pato";
- "Estou a ougar por um belo arroz de pato".

Se forem ler no site do ciberdúvidas (http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=13972) vêm que o termo aguar é o que faz parte da norma sendo as outras duas expressões regionalismos. Boa forma de chamar parolos a quem usa estas últimas duas.

Borronas

Quando era novo costumava fazer muitos desenhos com as borronas novas que os meus pais me davam no início do ano escolar. Mas não eram umas borronas quaisquer! Eram umas Molin que vinham num conjunto para mais de num sei quantas... Umas 30 talvez? Era uma festa. Nos primeiros dias andava pintadinho da cabeça aos pés.

Estes packs eram o delírio de qualquer criança.
Para mim borronas são de facto da Molin!

Quais marcadores quais quê? Isso é para betinhos.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Encunicar?!

Um dia perguntaram-me:
-Achas que a minha camisola está engelhada?
E eu respondi:
-Como?
-Engelhada! Amarrotada!
-Ah! Encunicada!
Percebi então que engelhada era encunicada. Contudo, encunicada era uma palavra estranha para a minha colega, pelo que eu expliquei que queria dizer amarrotada. Mas, se encunicada é uma palavra estranha para a minha colega, essa mesma palavra também é esquisita para o Tiago Dores do Gato Fedorento que, aquando de uma entrevista relativa à Passagem de Ano considerou as uvas passas: "Uvas podres, engelhadas!". Só que o mais interessante, pelo menos para os nortenhos, é que engelhar aparece no dicionário da língua portuguesa e encunicar não (Engelhar: formar engelhas; enrugar; amarrotar; encarquilhar).
Sei que não se diz encunicada, mas sim amarrotada ou outra palavra qualquer que de região para região varia. Por exemplo:
-no Norte (Viana do Castelo, entre outras) muitas pessoas utilizam o verbo encunicar como forma de dizer amarrotar;
-no Centro (região de Leiria e também Setúbal, entre outras) utiliza-se o verbo engelhar para designar a mesma coisa.
Há muitas outras formas de dizer encunicar, amarrotar ou engelhar, por isso comentem para ficarmos a sabê-las...
Fiquem bem, encuniquem as vossas roupas e sejam rebeldes.... ;-)

domingo, 28 de outubro de 2007

Aqui vai uma palavrinha nova!!!

A palavrinha pode ser nova para vós, amiguinhos que se encontram a ler o grande blog Estou Barado! Para mim não é novidade porquanto a ouço desde que era uma catraia pequena (catraia parece-me uma palavra a dissertar também).
Falemos então de bulir...(ou será bolir?)
Estava eu na casa do meu avô quando comecei a pegar nas enxadas e foucinhas que ele pra lá tinha... havia sempre aquela vontadezinha de brincar com o que não devíamos! Vem o Zé do Carola (o meu avô) e diz-me prontamente:
- Não bulas nisso!
Já perceberam, certo?
Não bulir significa não mexer...
Há quem diga ainda que bolir significa trabalhar. Já ouviram a expressão "pessoal, vamos lá bolir que isto não está facil!!!" ?
E pronto... uma palavra, dois significados!
Espero ter contribuido para a vossa cultura.
Até uma próxima palavrinha!

domingo, 21 de outubro de 2007

Proponho-vos tomar algum do vosso tempo de cafezinho

Venho hoje falar-vos, caríssimos irmãos, da palavra...
Não, não é a palavra do senhor, para essa há gente bem mais qualificada para dissertar. A palavra que pretendo apresentar ao publico em geral e mais concretamente ao carissimo leitor é referente aos acidentes que temos com relativa frequência quando comemos ou bebemos por exemplo. Entolimo-nos facilmente com comida, com bebida ou com uma simples lufada de ar seco, de certeza que vocês já experimentaram esta sensação, no mínimo assistiram a tal. Entolir, pus-me a dissertar sobre o assunto e não encontrei nenhum outro sinonimo, experimentei entalar, engasgar, entre outras, mas reparei que a palavra entolir é singular no sentido em que não existe um sinónimo para essa mesma palavra.

Entolir é o que acontece quando, por exemplo, bebemos água e nos "engasgamos". Começamos a tossir de uma maneira que parece que o mundo vai acabar, uma tosse forte, que vem do fundo, e quando acabamos temos aquela gotinha de água salgado no canto do olho e reparamos que toda a gente nos pergunta se estamos bem com uma cara de espanto.

Não é engasgar porque para nos engasgarmos teria que ficar preso na garganta o que nos provocou a tosse, geralmente comida. Engasgar requer que algo fique preso, requer obstrução das vias por um corpo estranho, requer que nos batam nas costas com a mão em concha (se for um amigo mais matreiro aproveita para dar com a mão estendida e com alguma força) ou que façam a, muito esquisita pelas posições que envolve, a manobra de Heimlich (http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c9/Abdominal_thrusts3.jpg).

Também se poderia usar o termo entalar, mas ainda está menos correcto porque na realidade, o objecto estranho fica entre duas "paredes", considerando estas os dois talos, mas seria uma degeneração do engasgar.

Como tal, concluo que o termo entolir é uníco e singular o que lhe confere um estatuto de regionalismo preciosissimo. Por isso vamos lá senhores Porto Editora e outros afins, vamos lá a incluir o entolir nos vossos dicionários. O Entolir é importante, o Entolir faz falta ao País, o Entolir é essencial ao orçamento de Estado, por isso vamos dar ao Entolir o estatuto que ele merece. É com o Entolir que eu vou basear toda a minha candidatura à presidência da Republica e conto com o vosso voto caros leitores. Com o Entolir Portugal anda prá frente (nem que seja com uma tosse descomunal, mas anda).

Por aqui me fico e espero as vossas melhores criticas de forma a poder ser mais vago e indeciso na minha próxima participação. O meu muitíssimo obrigado pelo tempo despendido, agora sim podem ir tomar o vosso cafezinho e continuar a trabalhar, seus baldas, não têm nada melhor pra fazer?? Não??

Estonar à tona!

Tona (do baixo latim tunna, ae), que é termo polissémico, designando também a película que recobre alguns vegetais!
Ora, estonar significa assim, descascar (em especial as cebolas e as batatas) ou retirar a pele, também subentendido como chamuscar, queimar. Muito usado em expressões de calão do tipo: "Estonou-se todo quando caiu!", referindo-se como consequência de um acidente que envolva a remoção mais ou menos superficial de uma quantidade considerável de pele ou carne.

É uma das mais antigas palavras que conheço!! Depois de uma breve pesquisa, fiquem sabendo todos aqueles que se sentem retraídos (pelo comentário daquela pessoa que não conhece a palavra!) que também é usada no Brasil. Até aqui nada de anormal! Aprofundado o teor da pesquisa, não fiquem barados meus caros "barados", também é comum o seu uso na vizinha Galícia.

E agora vou estonar uma maçãozinha* que estou com fome!

(*) mação: como quem diz maçã!

Referências:
Diccionario da Real Academía Galega (em Galego)
Termos vernáculos de Monte Frio
A Língua Portuguesa no Alto Minho (pdf)

And'amodinho

"A modinho" ou "a modo"

Desculpem lá mas até me está a fazer confusão separar o "a" do "modinho" por isso a partir de agora será amodinho ou amodo. Entenda-se que estou a falar da junção das palavras e não a adjectivar do meu discurso a partir de agora.
É que se assim fosse C-O-M-E-Ç-A-V-A A E-S-C-R-E-V-E-R A-S-S-I-M D-E V-A-G-A-R-I-N-H-O...

Quem percebeu ponha o dedo no ar!
Ninguém?
Estamos mal.

Vou dar um exemplo: "Óblá, vais sair? E levas o carro? And'amodinho!"
Com um exemplo destes é mais fácil! Pois...

Andar amodinho é andar devagarinho!
E andar amodo? Exactamente! É andar devagar!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Estás barado ?!?!?

Ora viva!
Desde já o meu obrigado à malta do estoubarado pelo convite de também mandar postas neste local.
Espero contribuir tanto para a discussão, como para o esclarecimento do individuo cidadão mais desconhecedor de tanto regionalismo.
Sendo nascido e criado no Porto, terra de tantas expressões únicas, e ao mesmo tempo, local onde se encontram muitas pessoas de outras regiões, devo dizer que o meu conhecimento foi-se aprofundando aos longo dos últimos anos.
Prometo por isso falar das minhas "descobertas" que tanto me fascinaram, e que espero que vos fascinem também!

Recesso

Deixo aqui a minha homenagem àqueles que fizeram que eu incluísse a palavra que há muito faltava no meu vocabulário: Recesso! A esses o meu Muito Obrigado!

A vida daquelas pessoas que não conhecem esta palavra é sem dúvida algo de tristonho e sem sentido.
Como adjectivar o pão que está velho sem no entanto recorrer ao adjectivo "recesso"?
Isto não é fácil! E desenganem-se os que pensam o contrário!

Mas antes de avançar vamos começar com um exemplo prático:
Estamos no Natal, e queremos fazer rabanadas. Para além de todo o espírito natalício precisamos, como não podia deixar de ser, do belo do petim duro para cortar em fatias.
Ora aí está: Petim. Belo termo para dissertar brevemente neste blog.

Fora o aparte, como é que vamos então chamar a este pão?
Pão que está velho?
Pão que já tem algum tempo?
Pão que já tem três quinze dias?
Pão com bolor?
Pão que está duro, dado que já se comprou anteontem na venda, e está ali na saca porque ninguém o comeu e agora só p'ros cães?

Meus amigos, não me parece!

Queria fazer aqui outro aparte: Das 5 interrogações atrás enunciadas qual é que está mal?
Pois é, é a do pão com bolor porque já não dá para fazer rabanadas!

Continuando:
Recesso é usado onde? Acho que a primeira vez que ouvi isso foi no Porto. Será que lá p'ra baixo também se diz? Quem souber esteja à vontade...

Há no entanto aplicações mais modernas para o termo "recesso". Alguém cujo aspecto não é o melhor e está fora de moda pode ser chamada de pessoa recessa ou de forma menos chique: "Aquele gajo é um bocado recesso".
Quanto a esta última dimensão não me queria alargar muito. Estão a ser feitos estudos nos Estados Unidos para testar da veracidade desta nova aplicação.
Vamos aguardar…

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Prezigo

"Fazes umas batatas cozidas com o prezigo que sobrou do 'meidia'"

Creio que o termo "prezigo" seja dos termos mais caricatos a surgir no Estou Barado! Só me lembro de os meus avós usarem este termo.

O prezigo é o sinónimo de conduto, isto é, da componente principal de uma refeição.

Mas eu sobre este termo era capaz de dissertar um pouco mais:

Nos dias que correm, se ao almoço comermos gambas com macedónia e se por acaso sobrarem gambas para o jantar (eu sei que o mais certo é não sobrarem!) podemos dizer:
"Fazes umas batatas cozidas com o prezigo que sobrou do 'meidia'" ??

Sinceramente acho que não. Diria mais: Estamos perante uma agressão à língua portuguesa! Acudam!
Para mim, prezigo resume-se essencialmente a carnes do cozido à portuguesa que sobraram de uma refeição anterior e talvez fanecas fritas. Que acham?

Este termo tem sem dúvida um factor chave para sobreviver nos dias que correm: a pronúncia. Se perguntarmos aos nossos avós para dizerem a frase do início deste post certamente prezigo vai suar a algo parecido com "prejigo". O "J" deve ser aqui bem acentuado e a própria feição da cara deve ser adaptada. Quando bem pronunciada, os músculos do nariz elevam-se ligeiramente e parece que estamos a fazer uma carranca.

Experimentem!

Estou Barado

A primeira expressão aqui divulgada não podia deixar de ser aquela que dá origem ao nome deste Blog. Quem não sabe o que quer dizer: Estou Barado?

Esta expressão pode ter como sinónimos:
Estou parvo
Estou admirado
Estou surpreso

É uma expressão utilizada na região do Minho.

Nasceu o Estou Barado!

26 de Setembro de 2007!
Este é o grande dia do nascimento do Blog com maior potencial de crescimento na Península Ibérica e quiçá em Portugal:
Estou Barado!
Este Blog nasce da enorme necessidade de ver esclarecida qualquer dúvida relacionada com expressões usadas por pessoas naturais de um ponto do país diferente do nosso. Normalmente expressões, ou termos, de origem rural.

Quem é que, numa conversa com alguém que é natural de uma zona do país diferente da sua, nunca se deparou com esta dúvida: o que é que essa expressão quer dizer?

Não procurando fazer qualquer concorrência ao site CiberDuvidas:) (http://ciberduvidas.sapo.pt/) este Blog visa apenas partilhar alguns dos dizeres "estranhos" identificados e dar alguns exemplos da sua aplicação.

Caso tenhas alguma expressão a acrescentar não deixes de enviar um email para estoubarado@gmail.com.
Outra forma de enriqueceres este Blog é comentando os posts e dando a tua opinião eventualmente acerca da aplicação das expressões e da sua origem geográfica.