sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ai que me pelei!!!

Pois é... mais uma palavrinha daquelas que só aqui pela terrinha e arredores é que se usa!
Quando eu me pelo (lê-se "pélo") ou quando alguém se "péla"...quer dizer que nos queimamos!!

Existe a história do reles Chafeense que durante um jantar estudantil na bela cidade de Coimbra, cheio de gente chique que desconhece a nossa linguagem, não esperou que a comidinha esfriasse e lá lançou um "Ai, pelei-me!" ao meter uma garfada à boca. Ao que o colega do lado exclamou: "Tu o quê!?!"

Queimei-me pahhh... queimei-me!

Para terminar fica um conselho de inverno: cuidado com as lareiras e aquecedores...
Não se pelem!!! :D

sábado, 29 de novembro de 2008

Vários e Diversos

Vamos correr alguns termos a eito:

Ir ao confesso: ir confessar-se

Trilhar: "Cuidado! Não te trilhes!" = "Cuidado! Não te aleijes!"

Quilhar: "Vou-te quilhar!"="Vou-te tramar!"

Tona: Para além do "ir à tona" que quer dizer algo como "ir à superfície da água" temos o "batatas com a tona" que significa "batatas com a casca"

Barregar: Gritar, chorar alto. Normalmente são as crianças que barregam.

Bufardo: "Levas um bufardo!". Bufardo é ali um meio-termo entre soco e chapada. Olha, é parecido com "Levas uma lambada!". E o "levas uma lostra!"? ou uma lamparina? Anda tudo à volta do mesmo.

Vestuário

Hoje trago-vos uma aulinha acerca de "moda". No mundo dos agasalhos há muitos termos que merecem ser dissertados aqui no estou barado.

Antes de começarmos vou vestir esta caçadeira, pah, porque está aqui muito frio. Calma! Ninguém se vai ferir! É apenas a minha casaca de ganga!

Vamos então começar pelas vestimentas das senhoras. A "combinação" é um clássico. Não é um termo propriamente regional mas está certamente em desuso. Pelo menos já não ouço ninguém falar disto há algum tempo. Mas alguém me quer ajudar a dizer o que é? Normalmente uma combinação é usada à noite e é de cetim...

Nos senhores temos as lindas "seroulas" que estão agora fora de moda por causa dos boxers.

Tenho que dizer que também gosto do nome de alguns tecidos: Bombazine e Tirilene.

Saudações

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cheira-t'à Frescum?

Já alguma vez tiveram o prazer de comer um bolo com tanto ovo que o cheiro a "frescum" vos fez dizer: - não, não obrigado, tem tão bom aspecto mas não posso comer!
Pois é, a minha avó é q me ensinou esse cheiro que fica emprenhado nos pratos, copos e talheres e que advêm sobretudo de ingredientes como o ovo, a galinha, ou qualquer outro alimento de carne de aves.
Também daria aqui lugar a um outro cheiro característicos dos caprinos: o "bedum". Também este me foi ensinado pela mesma pessoa. E meus caros ambos só desaparecem com o uso de um detergente bem conhecido de todos: lixívia.
Agora.. estranho é quando vou a casa de alguém e me dou conta que tudo tresanda a esse cheiro...
Ah pois... Lembro-me de uma senhora que tinha cães no seu apartamento... coitados dos bichos não tem culpa mas o cheiro era insuportável.. e digo-vos os cães até cheiravam bem... Por isso pergunto-me de onde viria o cheiro.

Bem mas o facto é que desconheço a origem da palavra e fica aqui o mote para quem me souber esclarecer. Caso tenhas a noção do significado inerente ao dito cheiro e conheça algum familiar que lhe chame assim, não digas a ninguém. Mais vale ficar na ignorância do que com nariz de cão!

domingo, 27 de julho de 2008

Treitas

Treitas?!?!?!?!?!
Mas o que é isto???
Pois é meus amigos, a treita é a fronteira.
E como devem calcular há vários tipos de treitas:
- as das parvónias;
- as das leiras;
- as dos territórios;
- ....

Mas o curioso é que no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora vem:
Treita: trilho; pegada; vestígio; rasto; [reg.] tira de terreno lavrado que se separa com ramos para guiar o semeador no lançamento das sementes (Do lat. tracta-, «arrastada», part. pass. fem. de trahere, «puxar»; «arrastar»).

Ora esta definição não vem de encontro à que eu tentei explicar-vos e que se usa na minha zona, sobretudo, quando as pessoas se referem às teritas das leiras e das freguesias.

Ah, já agora leiras são leiras (espero que conheçam)...

domingo, 6 de julho de 2008

Pôr Páscoa

Como diz o ditado: Páscoa é quando o Homem quiser! Páscoa, não é?

Alguns católicos têm por tradição abrir a porta ao compasso. Outras já não. Têm sim a tradição de "pôr Páscoa". O que parece é a mesma coisa mas dita de forma diferente.

Pôr Páscoa é portanto quando as familias preparam a sua casa para receber o compasso bem como os amigos e conhecidos em casa.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Catrapilas



O catrapilas, ai o catrapilas!! Quem nunca ouviu falar do catrapilas?

Porque é que se diz catrapilas? Isto da sabedoria popular tem muito para nos ensinar! O que é que é mais fácil dizer: catrapilas (que basicamente se refere a máquinas esquisitas e cor de laranja) ou rectroescavadeira ou até mesmo escavadeira hidráulica?

Pois é...

Tenho pra mim que a Caterpillar também devia registar a marca Catrapilas. É só uma sugestão.

sábado, 8 de março de 2008

Estrugido

Tenho que partilhar convosco um dos dilemas mais significativos da minha vida enquanto jovem petiz. Desde sempre ouvi a minha mãe, minhas avós e tias apregoarem de peito aberto frases como: "não deixes queimar o estrugido!" ou mesmo "está na hora do comer, vou fazer o estrugido". Essa palavra, "estrugido", de difícil pronuncia para um jovem imigrante de terras Chavescas, sempre ocupou o meu pensamento pois continha o segredo do sucesso duma refeição, em especial do suculento arroz branco da minha avó. Digamos que estava no pedestal das palavras místicas/divinas.
Eis que chega o dia em que perco o chão. Lembro-me perfeitamente dessa visita de estudo a terras da mouraria. Tinha eu 14 anos, bigode farfalhudo e 3 pelos negros no queixo quando ouço uma palavra nova: "refogado". Que raio quereria dizer aquilo?! Em conversa com a professora de português chego a uma triste conclusão: refogado e estrugido são sinónimos... Como poderia ser possível?! O segredo mais bem guardado da cozinha portuguesa tinha um sinónimo, e ainda por cima com som da linha de Cascais?!
Deixo aqui a minha revolta perante a centralização, mesmo da língua portuguesa. "Refogado" é uma palavra chique, talvez de influência da nouvelle cuisine francesa. "Estrugido" não, é uma palavra forte, com espírito e densidade, tão característico da NOSSA cozinha! Não concedo comer um cozido cujo arroz tenha sido feito tendo por base um "refogado"...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Trigos (Petim parte II)

Vamos a mais uma palavrinha? Vamos a mais uma!

Ora, o que temos hoje para tema de conversa? O sector da panificação. De tão vasto que é, este sector levar-nos-ia a criar um blog exclusivo.
O endereço podia ser: http://www.termoscasticosnomundodapanificacao.blogspot.com/ - Fica a ideia.

Vamos portanto resumir a discussão a uma meia dúzia (afinal se calhar não há muitos mais...) de termos castiços.

O petim e o espírito natalicio já mereceram a nossa atenção neste blog.
Agora começava por aquele termo que revela uma maior simplicidade e genuinidade dos termos do mundo da panificação: o trigo.
Não vos falo do cereal mas sim do dito pão.

"Ohh João vai-me ali à venda e traz meia dúzia de trigos e diz pr'assentar!"
É favor trocar os "vv" pelos "bb".
Não digam que não é bonito!

Já termos como: papo-seco, molete e carcaça são termos que infelizmente não fazem parte do meu vocabulário quotidiano! Porque será? Será por ser do norte, nortinho hum... boatos.

Papo-seco e carcaça são termos mais usados para o Sul de Portugal. Molete acho que se usa assim mais lá para não sei onde:) Tenho ideia que perto do Porto também se houve isso. Quem confirma?

Bijou/Biju:
Meus amigos, quem é que inventou este termo? É que nem vou comentar...

Homenagem:
Não posso terminar este post sem antes fazer uma homenagem sincera à regueifa. A regueifa é daquele tipo de pão que não sei pah, é especial!
A regueifa é quentinha e com manteiga. Nham Nham.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Vai tudo a eito

Vai mesmo tudo a eito....
Não sei explicar muito bem o que quer dizer a expressão "a eito", mas penso que dá para perceber pelo sentido, ou seja, significa que vai tudo a «d'reito».
Isto quer dizer que pode significar que vai tudo pela frente e/ou que vai tudo, tudo, sem sobrar nada...
Por outro lado, fazer uma coisa a eito significa que fazer uma coisa desde o início até ao fim, sem interrupções, a eito.
Espero que percebam a minha explicação, porque a eito é como uma frase feita....
Até à próxima.....

sábado, 26 de janeiro de 2008

Encurricar...

Pois é, para além de encunicar também se usa, por aqui, encurricar.
Encurricar tem um significado algo semelhante ao encunicar. Se calhar uma palavra derivou da outra através da evolução da língua. para além dos significados de encunicar, esta palavra também designa o facto de a cara enrugar.
Por exemplo, quando alguém tem rugas na cara, diz-se que tem a cara encurricada, ou seja, com encurricas.
Em suma, encunicar e encurricar têm significados semelhantes, contudo ambas as palavras não existem no dicionário da língua portuguesa, mas são usadas pelos portugueses, sobretudo pelos nortenhos.
Até à próxima...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Cagaço

Cagaço. Eis uma palavra que sempre me deu que pensar.

Segundo o dicionário da Wikipédia (o Wikcionário), cagaço remete-nos à palavra susto, que por sua vez quer dizer "sobressalto causado por evento não esperado; surpresa vigorosa e momentânea". Não satisfeito, investi para o dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Cagaço, de origem popular, vem da conjugação da palavra "cagar" com o sufixo "-aço" e quer dizer medo, susto, pavor.

Eis então obrigatório perceber a origem e o significado da palavra "cagar". De origem latina (cacáre) é reconhecida como calão e tem como significado defecar. Ainda, em sentido figurado, remete-nos para "sujar" e "desprezar".

Chega então o momento das deduções extensivas. O povo português, sempre criativo, não lhe chega usar palavras cujo conteúdo seja exclusivamente expresso pela palavra em si. Para tornar as coisas mais reais e intensas, gosta de inventar palavras ou recontextualizá-las! O medo, o susto, o pavor, pode deixar-nos de tal maneira perturbados que não conseguimos controlar o nosso próprio corpo. Daí expressões como "estou borrado de medo". Desta forma, "ter cagaço" de alguma coisa, é ter consciência que posso ficar "borrado", não controlar os instintos mais naturais do corpo e descompor-me. Ou seja, ficar "sujo".

Tudo isto leva-me a uma conclusão: o inventor das fraldas descartáveis devia ser português. Quem não ficaria com "cagaço" em ter um bebé no colo usando fraldas de pano?!

Próxima investida: o "estrugido"