domingo, 28 de outubro de 2007

Aqui vai uma palavrinha nova!!!

A palavrinha pode ser nova para vós, amiguinhos que se encontram a ler o grande blog Estou Barado! Para mim não é novidade porquanto a ouço desde que era uma catraia pequena (catraia parece-me uma palavra a dissertar também).
Falemos então de bulir...(ou será bolir?)
Estava eu na casa do meu avô quando comecei a pegar nas enxadas e foucinhas que ele pra lá tinha... havia sempre aquela vontadezinha de brincar com o que não devíamos! Vem o Zé do Carola (o meu avô) e diz-me prontamente:
- Não bulas nisso!
Já perceberam, certo?
Não bulir significa não mexer...
Há quem diga ainda que bolir significa trabalhar. Já ouviram a expressão "pessoal, vamos lá bolir que isto não está facil!!!" ?
E pronto... uma palavra, dois significados!
Espero ter contribuido para a vossa cultura.
Até uma próxima palavrinha!

domingo, 21 de outubro de 2007

Proponho-vos tomar algum do vosso tempo de cafezinho

Venho hoje falar-vos, caríssimos irmãos, da palavra...
Não, não é a palavra do senhor, para essa há gente bem mais qualificada para dissertar. A palavra que pretendo apresentar ao publico em geral e mais concretamente ao carissimo leitor é referente aos acidentes que temos com relativa frequência quando comemos ou bebemos por exemplo. Entolimo-nos facilmente com comida, com bebida ou com uma simples lufada de ar seco, de certeza que vocês já experimentaram esta sensação, no mínimo assistiram a tal. Entolir, pus-me a dissertar sobre o assunto e não encontrei nenhum outro sinonimo, experimentei entalar, engasgar, entre outras, mas reparei que a palavra entolir é singular no sentido em que não existe um sinónimo para essa mesma palavra.

Entolir é o que acontece quando, por exemplo, bebemos água e nos "engasgamos". Começamos a tossir de uma maneira que parece que o mundo vai acabar, uma tosse forte, que vem do fundo, e quando acabamos temos aquela gotinha de água salgado no canto do olho e reparamos que toda a gente nos pergunta se estamos bem com uma cara de espanto.

Não é engasgar porque para nos engasgarmos teria que ficar preso na garganta o que nos provocou a tosse, geralmente comida. Engasgar requer que algo fique preso, requer obstrução das vias por um corpo estranho, requer que nos batam nas costas com a mão em concha (se for um amigo mais matreiro aproveita para dar com a mão estendida e com alguma força) ou que façam a, muito esquisita pelas posições que envolve, a manobra de Heimlich (http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c9/Abdominal_thrusts3.jpg).

Também se poderia usar o termo entalar, mas ainda está menos correcto porque na realidade, o objecto estranho fica entre duas "paredes", considerando estas os dois talos, mas seria uma degeneração do engasgar.

Como tal, concluo que o termo entolir é uníco e singular o que lhe confere um estatuto de regionalismo preciosissimo. Por isso vamos lá senhores Porto Editora e outros afins, vamos lá a incluir o entolir nos vossos dicionários. O Entolir é importante, o Entolir faz falta ao País, o Entolir é essencial ao orçamento de Estado, por isso vamos dar ao Entolir o estatuto que ele merece. É com o Entolir que eu vou basear toda a minha candidatura à presidência da Republica e conto com o vosso voto caros leitores. Com o Entolir Portugal anda prá frente (nem que seja com uma tosse descomunal, mas anda).

Por aqui me fico e espero as vossas melhores criticas de forma a poder ser mais vago e indeciso na minha próxima participação. O meu muitíssimo obrigado pelo tempo despendido, agora sim podem ir tomar o vosso cafezinho e continuar a trabalhar, seus baldas, não têm nada melhor pra fazer?? Não??

Estonar à tona!

Tona (do baixo latim tunna, ae), que é termo polissémico, designando também a película que recobre alguns vegetais!
Ora, estonar significa assim, descascar (em especial as cebolas e as batatas) ou retirar a pele, também subentendido como chamuscar, queimar. Muito usado em expressões de calão do tipo: "Estonou-se todo quando caiu!", referindo-se como consequência de um acidente que envolva a remoção mais ou menos superficial de uma quantidade considerável de pele ou carne.

É uma das mais antigas palavras que conheço!! Depois de uma breve pesquisa, fiquem sabendo todos aqueles que se sentem retraídos (pelo comentário daquela pessoa que não conhece a palavra!) que também é usada no Brasil. Até aqui nada de anormal! Aprofundado o teor da pesquisa, não fiquem barados meus caros "barados", também é comum o seu uso na vizinha Galícia.

E agora vou estonar uma maçãozinha* que estou com fome!

(*) mação: como quem diz maçã!

Referências:
Diccionario da Real Academía Galega (em Galego)
Termos vernáculos de Monte Frio
A Língua Portuguesa no Alto Minho (pdf)

And'amodinho

"A modinho" ou "a modo"

Desculpem lá mas até me está a fazer confusão separar o "a" do "modinho" por isso a partir de agora será amodinho ou amodo. Entenda-se que estou a falar da junção das palavras e não a adjectivar do meu discurso a partir de agora.
É que se assim fosse C-O-M-E-Ç-A-V-A A E-S-C-R-E-V-E-R A-S-S-I-M D-E V-A-G-A-R-I-N-H-O...

Quem percebeu ponha o dedo no ar!
Ninguém?
Estamos mal.

Vou dar um exemplo: "Óblá, vais sair? E levas o carro? And'amodinho!"
Com um exemplo destes é mais fácil! Pois...

Andar amodinho é andar devagarinho!
E andar amodo? Exactamente! É andar devagar!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Estás barado ?!?!?

Ora viva!
Desde já o meu obrigado à malta do estoubarado pelo convite de também mandar postas neste local.
Espero contribuir tanto para a discussão, como para o esclarecimento do individuo cidadão mais desconhecedor de tanto regionalismo.
Sendo nascido e criado no Porto, terra de tantas expressões únicas, e ao mesmo tempo, local onde se encontram muitas pessoas de outras regiões, devo dizer que o meu conhecimento foi-se aprofundando aos longo dos últimos anos.
Prometo por isso falar das minhas "descobertas" que tanto me fascinaram, e que espero que vos fascinem também!

Recesso

Deixo aqui a minha homenagem àqueles que fizeram que eu incluísse a palavra que há muito faltava no meu vocabulário: Recesso! A esses o meu Muito Obrigado!

A vida daquelas pessoas que não conhecem esta palavra é sem dúvida algo de tristonho e sem sentido.
Como adjectivar o pão que está velho sem no entanto recorrer ao adjectivo "recesso"?
Isto não é fácil! E desenganem-se os que pensam o contrário!

Mas antes de avançar vamos começar com um exemplo prático:
Estamos no Natal, e queremos fazer rabanadas. Para além de todo o espírito natalício precisamos, como não podia deixar de ser, do belo do petim duro para cortar em fatias.
Ora aí está: Petim. Belo termo para dissertar brevemente neste blog.

Fora o aparte, como é que vamos então chamar a este pão?
Pão que está velho?
Pão que já tem algum tempo?
Pão que já tem três quinze dias?
Pão com bolor?
Pão que está duro, dado que já se comprou anteontem na venda, e está ali na saca porque ninguém o comeu e agora só p'ros cães?

Meus amigos, não me parece!

Queria fazer aqui outro aparte: Das 5 interrogações atrás enunciadas qual é que está mal?
Pois é, é a do pão com bolor porque já não dá para fazer rabanadas!

Continuando:
Recesso é usado onde? Acho que a primeira vez que ouvi isso foi no Porto. Será que lá p'ra baixo também se diz? Quem souber esteja à vontade...

Há no entanto aplicações mais modernas para o termo "recesso". Alguém cujo aspecto não é o melhor e está fora de moda pode ser chamada de pessoa recessa ou de forma menos chique: "Aquele gajo é um bocado recesso".
Quanto a esta última dimensão não me queria alargar muito. Estão a ser feitos estudos nos Estados Unidos para testar da veracidade desta nova aplicação.
Vamos aguardar…